2 Referências históricas

O MEM surge a partir da atividade de seis professores que se constituíram, em fevereiro de 1965, num Grupo de Trabalho de Promoção Pedagógica impulsionado pelos cursos de aperfeiçoamento profissional de professores que Rui Grácio promoveu e dirigiu no Sindicato Nacional de Professores.

Esse grupo inicial analisava e refletia sobre as suas práticas de ensino a partir de relatos apoiados nos trabalhos dos alunos, complementando essa atividade com a produção de instrumentos auxiliares do trabalho pedagógico e com a leitura e debate de textos promotores do seu desenvolvimento teórico.

Estes três objetivos de formação e de construção da profissão foram adotados pelo MEM quando, no ano seguinte, Rosalina Gomes de Almeida e Sérgio Niza assumiram, estrategicamente, no congresso francês da Escola Moderna, em Perpignan, a responsabilidade de integrar, com a discrição requerida pela vida sob ditadura, a Federação Internacional dos Movimentos de Escola Moderna (FIMEM).

A intenção era conseguirem apoio para o projeto que haviam empreendido e a que se associou a experiência dos professores do Centro Infantil Helen Keller, a que ambos pertenciam e onde se utilizavam já as técnicas Freinet, introduzidas com o estímulo de Maria Amália Borges antes de partir para o Canadá em 1963.

O Movimento da Escola Moderna Portuguesa reorientou, desde os anos oitenta, o seu trabalho de formação cooperada e o respetivo modelo pedagógico de intervenção escolar para uma perspetiva cultural e comunicativa decorrente dos trabalhos de Vigotski e de Bruner, entre outros.

A experiência acumulada nos tempos de resistência, durante a ditadura, constituiu um ensaio e um investimento pedagógico inestimáveis para o que foi possível realizar ao longo das últimas décadas. Ao anteciparmos a organização democrática do trabalho nas escolas tornou-se mais determinante, em regime político-democrático após abril de 74, fazer avançar uma alternativa de socialização democrática dos estudantes assente na organização e gestão cooperadas do trabalho curricular das turmas, entendidas pelo MEM como comunidades democráticas de aprendizagem.

 

Recomendamos ainda a leitura do seguinte artigo sobre a contextualização histórica do MEM: